quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Pode não gostar, mas é bom...

         Época de carnaval...
         Coisa extremamente chata, repetitiva...
         As mesmas fantasias, os mesmos adereços, as mesmas músicas de letras paupérrimas...
         Novamente as mesmas estradas cheias, as mortes de sempre, foliões se engalfinhando... Bêbados se esfalfando e se destruindo no álcool... E mais e mais violência...
         Mas como são extraordinários e bonitos os resultados!
        Pode ser o visual de uma passarela do samba com sua riqueza máxima no Rio de Janeiro ou São Paulo...
        Pode ser a alegria de uma família que se reencontra ou um bando de amigos que brincam no bloco da esquina...
        Pode ser o sossego de quem se esconde de tudo e curte um fogão de lenha e o barulho da cachoeira...
        Importante é tentar ver a verdade disso tudo...
        Há verdades diferentes para cada ser humano. As verdades de cada um, que não impedem as dos outros de serem o que são, fazem parte dessas pessoas e de tudo que o mundo significa para elas.
        Negar a beleza dessas verdades é ignorar o mágico que existe em cada possibilidade, em cada ser humano...
         Continuar a negar é perder o bonde da concordância, da paz e da bondade. Não a bondade solidária e altruísta. Não! Mas a bondade que permite o novo, o diferente, o mais rico e o mais belo SEGUNDO A CONCEPÇÃO DE CADA UM...
         Outra vez o objetivo e o subjetivo brigam para serem assimilados.
         As escolas de Samba são escolas de organização também. Milhares de pessoas, água, banheiros ou a inexistência deles, roupas, socorro em caso de necessidade. Controlar harmonia, evolução, tempo disso, tempo daquilo. Tudo exige uma capacidade de se organizar que poderia dar inveja a muitas multinacionais por ai.
         Por um trio elétrico na rua, com som alto e grandes geradores, administrar os recursos financeiros, negociar contratos e agendar os compromissos também não deve ser uma coisa fácil.
        Mas apesar disso tudo, alguém pode não se sentir à vontade com os barulhos altos, com o desgaste físico ou com as noites sem dormir. Também podem ser questionados os pobres valores culturais envolvidos, a falta de engajamento político e até a alienação partidária.
         Mas não se pode negar a capacidade de realizar dessas pessoas. Não se pode questionar os resultados estéticos ou seja a beleza e a força de uma escola entrando e ocupando toda a visão possível dentro de um sambódromo, por exemplo. E não se pode questionar a beleza das passistas, ainda que, por motivos religiosos, se lhes quisessem ver mais vestidas...
         Por outro lado, o folião também há de querer seus momentos de sossego. A volta ao lar e à família que é o objetivo de muitos no feriadão do carnaval pode ser desejo compartilhado por muitos em algum momento de suas vidas.
          O amor pela natureza e pelas coisas simples já foi até tema de carnavais. Prova de que é visível ao carnavalesco que haja outros modos de se curtir esses momentos e que sejam diferentes daqueles que lhe parecem ideais.
         Com um pouco de esforço todos podem buscar algo a ser respeitado no outro. Isso pode acontecer por empatia, colocando-se no lugar dele. Pode também acontecer por respeito à grande capacidade de realização, que aqui se procura demonstrar.
         Ganham mais com o carnaval todos aqueles que sabem aceitar e curtir todas as possibilidades, apesar de escolher a sua predileta e dela usufruir. Ganha mais ainda quem sabe se mirar nesses exemplos de diversidade e extrapolar o que está vendo para outras situações de sua vida. Pequeno seria o mundo se todos optassem somente pelos desejos da maioria. Não há escolhas totalmente sábias ou totalmente idiotas para se posicionar sobre algo. O importante é respeitar a diversidade e aprender com ela, a aprender sempre!


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