segunda-feira, 3 de junho de 2013

Quanto mais desejo, maior a escravidão

O Ser Humano vai ficando escravo dos seus desejos.
Essa notícia sobre as filas para ir ao Cristo Redentor é um caso típico.
As pessoas vão alimentando os desejos de fazer determinadas coisas e o preço a pagar pode ser muito alto.
A sonhada viagem à Europa pode não ser realizado;
A compra daquele carro inglês pode ser postergada indefinidamente;
A casa nova pode nunca vir a ser concretizada;
No Livro e no filme "Nunca Te Vi, Sempre Te Amei", a Escritora Americana Helene Hanff  - Anne Bancroft - tem o desejo de ir à Europa conhecer o seu amigo de longa data. Ele é o vendedor de livros representado no filme por Anthony Hopkins e que ela tanto quer conhecer.
O livro tem a história toda
Somente muitos anos depois do auge da amizade entre os dois é que ela pode ir à Inglaterra. E o pior é que isso só acontece depois que seu amigo já está morto.
O bonito dessa História é que, ao invés de se entristecer e não produzir nada,  a escritora fez, sim, uma obra muito bela tratando de sua amizade com o Vendedor de Livros. Apesar de não aparecer no filme, a visita da autora à Inglaterra, muitos anos depois, incluiu até ser apresentada à família de Frank P. Doel.
Deixada de lado a lição positiva de fazer algo de bom com uma situação ruim, é importante ver que o desejo dela foi alimentado ao longo dos anos. Tivesse a autora consciência plena das dificuldades que teria para ir à Inglaterra e talvez ela não sofresse tanto. Certamente sofreria bem menos contentando-se com a amizade à distância e curtindo tudo já lhe era proporcionado de bom.
Voltando ao caso da ida ao Cristo Redentor, é preciso colocar as coisas em perspectiva. O sujeito está no Largo do Machado, humilhado em uma fila interminável. Sabe que se trata de uma prefeitura bagunçada e cheia de erros. E ainda vai se submeter a isso?
O que uma visita ao Cristo Redentor vai fazer de diferença na vida de uma pessoa?
Será que não havia mais nada para fazer?
Se a resposta for "sim", que vai fazer uma enorme diferença, então que se vá para a fila calado.
Mas, se ponderado, ir à praia for melhor, que se vá à praia!!!
O Cristo sempre vai estar lá, à espera de mais e mais gente que queira vê-lo.
A humilhação de ser torturado pela incompetência dos funcionários públicos só deve ser aguentada pelos poucos que não tem outra saída. Havendo um meio de cair fora da situação, que se caia...
Aos poucos o caráter pode ser treinado para que se possa resistir a tais desejos. Não será possível conhecer todos os lugares do mundo. Não será possível ir a todas as atrações turísticas. Não será possível ir a todos os shows de toda a gente famosa que existe por aí.
O melhor é se contentar com as oportunidades que forem surgindo e aproveitá-las ao máximo. Mas sem desespero por que essa ou aquela ideia não deram certo.