sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

A lei não é para todos, não tenha ilusão...

        Seria muito bonito afirmar que a lei alcança todo mundo, o tempo todo...
        Em um mundo perfeito todas as pessoas e todas as instituições estariam obrigadas ao cumprimento das leis. Mas não é assim que funciona.
        As empresas não cumprem a lei:
        A caminho do trabalho o sujeito vê um caminhão enorme de areia jogado, deliberadamente ou seja, por querer, no meio da rua...
        Andando pela cidade é fácil ver caminhões blindados parando em qualquer lugar.
O guarda para a viatura de qualquer jeito só para ir lanchar.
        As obras horrorizam a vida de todo mundo ocupando pistas inteiras do tráfego sem que nenhuma alma vida e imbuída de autoridade faça nada por isso.
        Os direitos de muitos empregados são descumpridos, como horas extras, por exemplo. E os empresários fazem isso pois sabem que nem todos tem coragem de reclamar. E têm certeza de que a justiça não será capaz de proteger ou de lhes fiscalizar em todos esses casos. 
        As pessoas não cumprem a lei:
        Um retardadinho que possivelmente comprou a carteira sai mudando de faixa sem acionar a seta para nada...
        Outro idiota tem coragem de tirar o carro da garagem para se deslocar a 20km/h ocupando a faixa da esquerda e discutindo a relação com a patroa...
         Uma senhora de boa família acha o clima seco e começa a passar creme hidratante, ao volante, no meio da rua.Quando não é batom.
         Outro atende o celular. Aliás, esse é um impulso que pode ser de qualquer um... 
         Até pessoas que tentam cumprir o melhor possível o que a legislação pede se surpreendem descumprindo algo. Por causa dos abusos de alguns, aquela garrafa de vinho dividida por um casal no restaurante pode muito bem resultar numa multa de quase R$2.000,00. Dinheiro esse cujo destino já se sabe muito bem. Provavelmente não vai ser bem utilizado, como se vê constantemente nas denúncias dos jornais. 
          C'est la vie!!! Isso é a vida. Fazer o quê? Administrar o melhor possível.
          O mundo não é justo e a vida em sociedade prova isso o tempo todo.
           Algumas leis são muito rigorosas com quem não precisava. Porém não conseguem alcançar a um monte de outras pessoas que deveriam realmente ser perseguidas.
           Como diria Renato Russo,
"Essa justiça desafinada
É tão humana e tão errada
"
            Em duas linhas o Cara captou uma coisa: A justiça é um reflexo da própria imperfeição humana. E fez o pior xingamento que um músico pode fazer a uma coisa qualquer: a chamou de desafinada, ou seja, irregular, feia, torta e principalmente, mal feita.
            Claro que há vários motivos muito menos nobres para que as coisas sejam assim. As armações dos políticos, a falta de vontade do povo de se mobilizar, os riscos envolvidos em se levantar a voz, dependendo da situação. Os recursos gastos com as instituições que deveriam fiscalizar também são pequenos. E mais um montão de outros problemas. Tudo isso interfere para que as leis sejam tortas e mal aplicadas.
            Mas o cerne, o mais importante da questão é que a justiça é feita pelo próprio homem. E as fraquezas, a incompetência e a falta de vontade acabam por fazer com que as coisas seja do jeito que são. 
E então, o que fazer?
             O que o Ser Humano tem feito durante toda a sua existência. Resistir e vencer. Ou pelo menos tentar. Se o resultado dos esforços positivos não fosse maior que os negativos, então a terra não existiria mais. Pode parecer até piegas ou lamurioso, e é um puta chavão, mas "O bem vence o mal". Quando não vencer, essa terra, caso ainda exista, será totalmente desabitada. 
              Individualmente, o jeito é batalhar. Procurar fazer a própria parte da melhor maneira possível. Como não se pode resolver todos os problemas, o melhor é resolver o da gente. Na medida do possível, como feito neste texto, pode-se discutir os assuntos e refletir a respeito. Essa reflexão, esse conhecimento e discussão do mundo é uma das características que faz o Ser Humano diferente.
             A luta faz parte da vida. Epícuro era bem chegado a filosofar sobre prazer. Mas uma de suas melhores frases fala das adversidades e do lucro que se tem com elas.
"Os grandes navegadores devem sua reputação aos temporais e tempestades."
            Estudar e trabalhar muito são formas de ficar menos à mercê das ilegalidades permitidas. O resultado de algumas decisões das outras pessoas pode servir de exemplo e direcionar a tomada de decisões. Como diria Bismark,
"Só os tolos não se aproveitam da experiência alheia"



quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Pensar o inesperado e fazer o melhor


Em um livro muito famoso chamado Pollyanna, a protagonista  usa de um artifício aprendido com o pai para subverter as situações que poderiam ser ruins. Numa segunda feira, por exemplo, ela diz que fica muito feliz por ser o dia mais distante de uma outra segunda feira. Ao ganhar muletas, no natal, ela fica feliz por não precisar delas. 
Claro que a vida é mais complicada! Claro que não é a melhor coisa do mundo acordar cedo, ou chegar a segunda feira ou acabar as férias. Todo mundo passa por essas situações. Mas a superação desses pensamentos e o dar continuidade à vida, da melhor maneira possível é que fazem a vida valer a pena. 
Ter as reações certas nos momentos certos é fácil. Difícil é se educar para fazer o melhor possível quando tudo é adverso, quando as coisas não dão muito certo.
Todo mundo espera que você haja de determinadas maneiras em certas situações. 
Sentir-se incomodado por ter que ficar esperando, por exemplo. A impaciência no trânsito quando ele está lento.
As empresas de televisão vivem disso ao produzirem emoções baratas para quem assiste a uma novela ou a um reality show
Entre as crianças e adolescentes pode ser a vontade de não estudar. A vontade acordar mais tarde. A "raivinha" por causa de um professor mais severo. 
Isso é o básico. Qualquer ser humano se comporta assim, e tem essas reações, naturalmente. 
Difícil, mas extremamente recompensador, é reverter as situações e fazer o inesperado. 
Tente ver as vantagens de acordar mais cedo por exemplo. Pode colocar no papel, mesmo. O dia mais longo. Uma quantidade maior de tarefas que podem ser feitas. Tirar mais tempo para si mesmo. 
Aquele professor mais exigente pode ser o que faltava para você começar a levar a sério a escola. Pode ser nesse momento que você vê que há motivos bons para trabalhar mais firme nos deveres, por exemplo. Mesmo por que, um dos motivos pelos quais ele pode parecer severo é pelo fato de você parecer fraco. Portanto, a melhor maneira de reagir a ele é provar o contrário. 
Esse é um bom caminho para amadurecer bem e atingir os objetivos almejados. Aliás, é uma boa maneira, mesmo, de saber o que se pode conseguir a partir do esforço que é feito. Fazendo as escolhas certas, nos momentos certos, principalmente se a "galera" tende a ir no caminho contrário, é que se consegue fazer coisas realmente importantes.
Maturidade é, entre outras coisas, a capacidade de saber os efeitos de um comportamento de hoje. É saber que uma coisa que não é feita agora pode dar um grande prejuízo depois. Estudar pouco ou não estudar. Não se preocupar em adquirir cultura de verdade. Não buscar os sentimentos mais nobres para si mesmo e nas pessoas que o cercam. 
Treinando bastante, a maturidade pode chegar de uma maneira muito mais tranquila e com enormes benefícios. 

Inteligência ajuda, persistência define


       Como é que ele se deu bem no vestibular!
        Fulano passou em um concurso...
        Não é que ela acabou fazendo a maratona, mesmo!?
        A casa foi mais difícil de comprar mas acabou dando certo...
        O que será que realmente define a capacidade de uma pessoa de alcançar bons resultados?
         Alguma inteligência superior?
         As condições que lhe são dadas para tentar alcançar seus objetivos?
         A ajuda de pais conscientes que sabem cobrar na hora certa e ajudar quando for necessário?
         A presença de um amigo ou um relacionamento que o incentivem sempre a melhorar e obter o máximo da vida? 
         Não é muito difícil de perceber que todas essas coisas são importantes. Mas nenhuma é definitiva.
A inteligência pode não contribuir tanto, mas a pessoa pode se superar com a boa vontade e esforço continuado.
As condições podem não ser as ideais numa determinada etapa da vida, mas, com esforço, pode-se, mesmo devagarinho, ir conseguindo vencer etapas e mais etapas e então em em algum momento da vida acaba-se alcançando o ambiente correto para estudar, trabalhar e batalhar pelos seus objetivos.
          Em relação aos pais,  pode acontecer de que, apesar da boa vontade não tenham conhecimento ou comportamento que incentive a tentativa dos filhos de buscar bons resultados. Ainda pesam o medo de estar forçando demais, a tentativa de ser o mais agradável possível e a vontade de manter o clima de casa sempre agradável.
         Os relacionamentos são sempre um mistério. Incentivam algumas qualidades e prejudicam outras. Um bom amigo que seja muito boêmio não é incentivo para dedicação a estudo e treinos. Um namoro pode acontecer da maneira errada e mesmo na hora errada e prejudicar a concentração e despender um tempo maior que o aceitável. Em geral, os bons relacionamentos são aqueles que fazem a pessoa querer ser melhor, querer se desenvolver. Tudo isso dentro de suas condições e de acordo com sua capacidade.
         Tudo que foi citado acima influencia em menor ou maior grau a capacidade de obter resultados que uma pessoa tem. Cabe a cada um descobrir os seus pontos fracos e tentar se livrar dos aspectos negativos. Um bom amigo que faz convites em hora errada pode ser avisado de que está sendo inconveniente. Se for amigo mesmo, tentará ser o primeiro a compreender. Nos relacionamentos é praticamente a mesma coisa.
         As pessoas que convivem com quem busca resultados especiais devem ser compreensivas quanto à sua limitação temporária em relação a participar de todas as atividades. Pouco a pouco, com maior ou menor esforço quem se esforça por um objetivo acaba descobrindo um meio de organizar as coisas a seu favor. É a velha máxima "Onde existe uma vontade, existe um caminho".         
        Mas o que realmente vai pesar mais que tudo isso é justamente essa capacidade de se fixar em um objetivo e segui-lo. Manter o foco. PERSISTIR. Todas as outras atividades são auxiliares. As pessoas ao redor não devem ser desprezadas, mas avisadas de que sua participação é importante no processo. E que, principalmente, todos podem ganhar com os resultados obtidos. Quem se opor a esse processo, passando por cima dos objetivos pessoais do companheiro deve estar consciente de sua responsabilidade pelo futuro do outro e o próprio.
         Tratados dessa forma, objetivos como completar uma maratona ou fazer uma viagem poderiam ser considerados menores. Como não influenciariam, supostamente, a carreira e a vida dos envolvidos talvez fosse o caso de não se envidarem tantos esforços para serem atingidos. Mas na mente de quem se propõe a fazer essas coisas a meta a atingir pode ser tão importante quanto. E os demais devem respeitar tanto quanto possível as decisões e as vontades daqueles de quem julgam gostar. 
         O medo de não conseguir deve ser relevado pela ideia de que vai se continuar tentando e tentando e tentando, sempre. Perseverança é a palavra certa para quem quer alcançar melhores resultados. Até por ser uma grande arma para espantar o medo. A certeza de que o resultado vai ser alcançado de alguma forma é muito importante. De alguma maneira, o esforço despendido acaba sendo aproveitado.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Pode não gostar, mas é bom...

         Época de carnaval...
         Coisa extremamente chata, repetitiva...
         As mesmas fantasias, os mesmos adereços, as mesmas músicas de letras paupérrimas...
         Novamente as mesmas estradas cheias, as mortes de sempre, foliões se engalfinhando... Bêbados se esfalfando e se destruindo no álcool... E mais e mais violência...
         Mas como são extraordinários e bonitos os resultados!
        Pode ser o visual de uma passarela do samba com sua riqueza máxima no Rio de Janeiro ou São Paulo...
        Pode ser a alegria de uma família que se reencontra ou um bando de amigos que brincam no bloco da esquina...
        Pode ser o sossego de quem se esconde de tudo e curte um fogão de lenha e o barulho da cachoeira...
        Importante é tentar ver a verdade disso tudo...
        Há verdades diferentes para cada ser humano. As verdades de cada um, que não impedem as dos outros de serem o que são, fazem parte dessas pessoas e de tudo que o mundo significa para elas.
        Negar a beleza dessas verdades é ignorar o mágico que existe em cada possibilidade, em cada ser humano...
         Continuar a negar é perder o bonde da concordância, da paz e da bondade. Não a bondade solidária e altruísta. Não! Mas a bondade que permite o novo, o diferente, o mais rico e o mais belo SEGUNDO A CONCEPÇÃO DE CADA UM...
         Outra vez o objetivo e o subjetivo brigam para serem assimilados.
         As escolas de Samba são escolas de organização também. Milhares de pessoas, água, banheiros ou a inexistência deles, roupas, socorro em caso de necessidade. Controlar harmonia, evolução, tempo disso, tempo daquilo. Tudo exige uma capacidade de se organizar que poderia dar inveja a muitas multinacionais por ai.
         Por um trio elétrico na rua, com som alto e grandes geradores, administrar os recursos financeiros, negociar contratos e agendar os compromissos também não deve ser uma coisa fácil.
        Mas apesar disso tudo, alguém pode não se sentir à vontade com os barulhos altos, com o desgaste físico ou com as noites sem dormir. Também podem ser questionados os pobres valores culturais envolvidos, a falta de engajamento político e até a alienação partidária.
         Mas não se pode negar a capacidade de realizar dessas pessoas. Não se pode questionar os resultados estéticos ou seja a beleza e a força de uma escola entrando e ocupando toda a visão possível dentro de um sambódromo, por exemplo. E não se pode questionar a beleza das passistas, ainda que, por motivos religiosos, se lhes quisessem ver mais vestidas...
         Por outro lado, o folião também há de querer seus momentos de sossego. A volta ao lar e à família que é o objetivo de muitos no feriadão do carnaval pode ser desejo compartilhado por muitos em algum momento de suas vidas.
          O amor pela natureza e pelas coisas simples já foi até tema de carnavais. Prova de que é visível ao carnavalesco que haja outros modos de se curtir esses momentos e que sejam diferentes daqueles que lhe parecem ideais.
         Com um pouco de esforço todos podem buscar algo a ser respeitado no outro. Isso pode acontecer por empatia, colocando-se no lugar dele. Pode também acontecer por respeito à grande capacidade de realização, que aqui se procura demonstrar.
         Ganham mais com o carnaval todos aqueles que sabem aceitar e curtir todas as possibilidades, apesar de escolher a sua predileta e dela usufruir. Ganha mais ainda quem sabe se mirar nesses exemplos de diversidade e extrapolar o que está vendo para outras situações de sua vida. Pequeno seria o mundo se todos optassem somente pelos desejos da maioria. Não há escolhas totalmente sábias ou totalmente idiotas para se posicionar sobre algo. O importante é respeitar a diversidade e aprender com ela, a aprender sempre!


O silêncio mata!!! Não ouvir, não observar é pior ainda...

Um motorista cochilou e bateu o carro. Levou mais quatro com ele.
Certamente nenhum dos mortos tentava conversar com ele naquele momento.
Um funcionário novato do supermercado empilhou muitas caixas de pão e elas caíram sobre uma criança de colo. Será que alguém já o havia avisado do perigo? Será que ele aprendeu a lição para não mais errar?
Certamente ninguém falou com o funcionário que ele não devia fazer uma pilha tão grande.
As crianças mortas na boite. A muitas delas nunca foi dito que havia perigo. Muitas outras jamais ouviram quando lhes disseram isso.
Falar, e ouvir. Dividir, compartilhar mas também saber receber, prestar atenção, mirar-se nos bons exemplos.
Essa interação é que move o mundo para a frente. Mesmo que seja bem devagar.
E é o que acontece o tempo todo. O problema é que a maior parte é perdida pois não há treinamento para se observar e APREENDER o que se está percebendo.
Um carro desgovernado poderia ter sido visto bem antes pelas pessoas que estavam no ponto. Fones de ouvido, celulares, conversas sem nenhuma atenção ao que acontecia em volta. Um pouco de atenção a mais pode facilmente compensar uma dessas distrações. Mas é necessário prestar atenção.
Ouvir, falar, transmitir, receber, observar. Mantras poderiam ser feitos a respeito. Ligar-se no mundo e vivê-lo. Os motivos são muitos. Absorver experiências, se aprimorar. Isso também é tomar cuidado e se proteger. Mas também é uma forma de obter vantagens competitivas.
Vive mais quem mais observa. Vive mais quem mais aprende. Vive mais quem mais interage, respeitando os próprios limites. A vida fica mais rica. A pessoa fica mais rica ao procurar absorver o mundo que a cerca e o máximo das informações oferecidas.
Como acréscimo, vem o zelo pessoal. Prestando atenção à sua volta não só se aprende mais, se desenvolve mais e, automaticamente, a pessoa cuida de si mesmo e dos outros. Estando ligados nos barulhos, imagens, o povo à sua volta, nos veículos e tudo mais o indivíduo se protege de surpresas desagradáveis. Todo o grupo lucra devido à atenção que é dada aos detalhes, aos veículos, ao clima, ao solo e a todo estímulo por alguém mais avisado.
Do ponto de vista competitivo é fácil visualizar os lucros de ser observador. O vestibulando que tem por costume ver um jornal televisionado tem muito maior chance de sucesso que aquele que brincava de skate ou até mesmo estudava naquela hora perdendo a oportunidade de aprender conhecimentos gerais. A senhora que, sentada no ponto de ônibus, não fica de costas para o tráfego tem uma chance muito maior de conseguir se defender de um acidente.
É necessário observar o máximo possível. Prestar atenção em tudo que for possível. Conversar com o máximo de pessoas não é um favor a elas. Aprende-se mais, vive-se mais. Ganha-se mais em segurança e informações. Ganha-se mais da vida.



Eleições e política - poucas palavras

Quanto a eleições e política em geral, o melhor seria não gastar muito tempo com isso. Na maior parte das vezes os candidatos são eleitos pelo carisma que tem e a lábia que possuem para enganar seus eleitores.  Quem elege os candidatos é a massa, ou seja, a enorme maioria que abandonou a escola e que não tem a mínima condição de julgar o que pode ser bom e ruim em uma pessoa. O melhor mesmo, nessa bagunça, é se precaver contra perseguições ou outras situações desagradáveis devido ao posicionamento político.

Os  candidatos  não são escolhidos pelo aprendizado que tiveram. O currículo tanto escolar quanto de trabalho não tem quase peso nenhum para alterar a escolha de quem vai governar ou representar um povo. Vence o mais falador, que tenha melhor aparência ou aquele com que o povo mais se identificou. Não importa o que ele já tenha aprontado.
Exemplos: Fernando Collor foi eleito com 35 milhões de votos para presidente. Pergunte-se a qualquer senhora o que ela achava da aparência física dele e se isso não pode ter interferido. Por outro lado, em Brasília, uma vez, um candidato aparentemente analfabeto concorria com Cristóvão Buarque para uma eleição. Depois de ser arrebentado no debate pelo concorrente, fez-se de vítima e angariou simpatia do povo. Comentário das copeiras no ministério, no dia seguinte: Tadinho do seu "fulano", um homem tão bom sendo humilhado por aquele metido. Ainda pesou a favor do "tadinho" o fato de que prometeu lotes à vontade, caso fosse eleito.
O direito de todos a votar se chama sufrágio universal. Em um estado de democracia e principalmente num país que sofreu anos de regime militar não há espaço para discutir tal direito. Então todos votam. Mas ninguém é obrigado a sequer ler a constituição para saber o que é o Estado. Para dirigir é necessário uma carteira de motorista. Mas para ser eleitor não é necessário nem ler. A "colinha" dos números é um costume antigo e que não foi abandonado nem mesmo na era da informática.
O caso é que não há senso crítico na avaliação dos candidatos. As políticas públicas, em sua esmagadora maioria, são traçadas sempre com o objetivo de atender o quesito da "visibilidade". Quanto mais se fizer pelo povo sem se cobrar nada, melhor será o resultado nas urnas. Enquanto isso, nos pequenos povoados do interior e nas comunidades se perpetuam as gerações e mais gerações de pessoas inertes que vivem à mercê dos programas assistencialistas e das benesses que o serviço público se obriga a lhes propiciar. Quem paga por isso é o cidadão de classe média que paga os impostos direta ou indiretamente, todos os dias. Impostos pagos diretamente, numa linguagem bem simples, são aqueles que o dinheiro sai direto do bolso do contribuinte para o caixa do governo: IPTU, IPVA e Imposto de Renda. Indiretamente, porém, são pagos ICMS, IPI ou outros similares em cada pãozinho, em um quilo de fubá, no custo de uma folha de caderno e em quase tudo que se necessitar no dia a dia.

O importante nisso tudo é ver que alguns cidadãos conseguem estar acima de todos os problemas. A classe média e mesmo a classe que lhe vem logo abaixo tem sobrevivido a isso tudo. Os obstáculos aparecem e os pequenos empresários os vão contornando. Mais um imposto aqui, mais uma taxa ali, e mais 500 folhas de novos documentos que são necessários ali. Nada abate definitivamente a força que tange o pequeno empresariado, os funcionários públicos e outros prestadores de serviço entre os quais se incluem os professores, por exemplo.
Apesar de as escolhas não serem as ideais, de os eleitores e muito menos os eleitos não serem tão escolhidos quanto poderiam, ainda há esperança. Essa bagunça tem sido desse jeito há muitos anos e para mudar ainda vai demorar muito. Os valores em geral vão sendo mudados e com eles as formas de manipulação da opinião pública e as ofertas para que se acredite que algo novo e realmente honesto vai surgir.
É importante não se abater por isso e mais ainda, não se deixar levar pela falta de caráter quase generalizado. O mistério é descobrir formas de contornar a incompetência, a má vontade e todos os outros valores ruins e ainda assim se dar bem, no bom sentido da palavra. E é importante refletir de vez em quando, no que está acontecendo para se manter protegido. E ter uma opinião, um senso crítico, enquanto ele não é proibido.
Por enquanto não começaram a matar ninguém por avisar os outros, não. Por enquanto.